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FINANÇAS PESSOAIS 
Oito passos para gastar menos

Medidas simples adotadas no dia a dia podem ajudar — e muito — você a terminar o mês com excedente de dinheiro. Mude o comportamento e comece a contabilizar os lucros 

·  Dominique Lima

Iano Andrade/CB/D.A Press

Com disciplina e corte nos gastos, Simone Amorim conseguiu realizar o seu grande sonho: abrir uma franquia de roupas

Fechar o mês no azul e ver o excedente aumentar progressivamente sem sentir os sacrifícios de deixar de fazer o que gosta. Está aí o sonho do consumidor consciente. Para muitos, esse é um ideal concretizado. E as recompensas são muitas. Novas roupas sem desembolsar um centavo, nada de gastos excessivos com celular, tomar carona: certas atitudes simples potencializam as economias. E o dinheiro que sobra se torna fonte de investimentos, o que pode trazer ainda mais lucro e aumento da renda. 

O consultor financeiro Felipe Chad lembra que o planejamento financeiro para construção de uma reserva, mais que um luxo, é uma forma de evitar surpresas desagradáveis. O ideal é manter o controle financeiro por meio de tabelas que explicitam o orçamento para que se perceba em que situações é possível cortar gastos e como melhor investir o que sobra. Seguindo esses conselhos, a empresária Simone Amorim, de 30 anos, conseguiu o que sempre desejou: abrir uma franquia de roupas em Brasília. 

Disciplinada, começou a organizar o orçamento e juntar dinheiro aos 18 anos, quando conseguiu o primeiro emprego. O conhecimento da área de administração e mercado financeiro ajudou. Mas pequenas atitudes nos gastos do dia a dia fizeram a diferença. A paciência em procurar o melhor negócio é uma das principais qualidades da empresária. Fã de viagens, hábito que também faz parte da rotina de trabalho, ela sempre compra pacotes com antecedência e pesquisa muito antes de fechar negócio. 

Outra medida de economia é contratar um personal trainer para aulas duas vezes por semana e completar o treino com corridas no parque. Ela conta que, como precisa do incentivo do treinador para frequentar a academia, mas não queria gastar demais, essa foi a solução. São ideias assim, ajustadas à realidade e às preferências de cada um, que podem alavancar as economias. Para Simone, a boa administração financeira continua a dar frutos. Ela pretende abrir a segunda loja até o fim do ano. 

Para Felipe Chad, encontrar maneiras de diminuir gastos extras é uma importante medida para acabar com a preocupação com a falta de dinheiro. Ele conta que a saúde financeira não vem do maior valor dos ganhos. Com clientes que recebem salários invejáveis e estão endividados, o consultor lembra, no entanto, diversas histórias de sucesso como a de Simone. “Muitos não percebem que os juros, que tanto assustam, podem ser favoráveis caso, em vez de compras a prazo, a pessoa fizer investimentos”, aconselha. 

Chad dá a dica para quem ainda não sabe o que fazer com o dinheiro excedente. O básico é aplicar em duas frentes: renda fixa e variável, que é mais arriscada, mas pode dar mais lucro. Uma maneira interessante de dividir os investimentos é realocá-los numa proporção baseada na idade. O número de anos reflete a porcentagem do dinheiro que vai para a variável, como ações. Assim, alguém de 35 anos, por exemplo, deve investir 35% em variável e 65% em fixa. 



OS PASSOS 

» Alugar acessórios 

Em vez da compra de bijuterias, bolsas e lenços, recorra ao aluguel. O receio de repetir o acessório em diferentes festas pode se tornar bastante oneroso no orçamento. A necessidade de manter-se na moda, também. Há em Brasília diversas lojas que possibilitam o empréstimo desses adereços. Alugar ainda garante o bom estado das peças, que parecerão sempre novas. Os serviços costumam cobrar por fim de semana, com preço de acordo com a peça, e é possível negociar os prazos de entrega. Uma bolsa de cristal, por exemplo, sai a R$ 90 o fim de semana. É preciso fazer cadastro e deixar cheques caução ou notas promissórias. As lojas especializadas da cidade têm geralmente clientes regulares e tomam cuidado extra com as peças, como higiene do produto após cada devolução. 

» Comprar pela internet 

Além da praticidade, comprar pela internet é mais barato. Isso porque lojas virtuais dão desconto nas compras. A razão é que há menos gastos para o vendedor, que não paga aluguel do ponto, luz e água, por exemplo. Com a economia no custo, é possível diminuir o preço e, em alguns casos, as lojas arcam também com o frete do produto, que geralmente é cobrado do consumidor. As compras cibernéticas são uma vantagem também porque diminuem alguns impulsos consumistas. Na internet, o comprador tende a levar apenas o produto que procurava antes de entrar na página da loja. Esse comportamento é bem diferente do que geralmente ocorre nas compras feitas pessoalmente, quando, ao ver uma novidade nas prateleiras, sente vontade de levá-la na hora. 

» Promover um bazar entre amigos 

Peças de roupa, acessórios e objetos de decoração que cansaram depois de anos de uso talvez sejam exatamente o que um amigo procura. Para renovar o armário e a decoração sem passar da temida linha do vermelho no fim do mês, uma opção é organizar um bazar de trocas. A ideia é reunir pessoas que têm gosto parecido — e no caso das roupas, tamanho similar também ajuda — e sair trocando. Vale vender uma peça bem mais barato ou fazer permuta entre objetos de mesmo valor. O objetivo não é lucrar, mas se livrar do que não é mais tão importante, ao mesmo tempo em que se encontram itens interessantes que já não são úteis para outra pessoa. A prática vale a pena para mães com filhos de idades diferentes. Entre elas, é possível trocar roupas que não cabem mais e brinquedos pelos quais eles perderam o interesse por outros mais apropriados ao tamanho e à idade de cada um. 

» Escolher um plano de celular mais adequado 

As operadoras de telefone móvel têm um leque diversificado de possibilidade de planos. Pode-se pagar ao fim de cada mês ou colocar créditos anteriormente às ligações, juntar a família num grande pacote, ter descontos em ligações interurbanas, pagar preço fixo por uma quantidade de minutos e torpedos, ganhar um celular ou ter desconto na compra de determinados modelos. Não é possível julgar indiscriminadamente qual opção é a mais econômica porque a resposta depende do perfil de cada usuário. Alguém que precisa se comunicar frequentemente com determinadas pessoas, como família e colegas de trabalho, ajusta-se a um plano que preveja essa maior necessidade e dê descontos para o uso regular e ligações para um mesmo número. Já quem quase não precisa de celular pode economizar se escolher um plano que cobre uma taxa fixa menor. Detalhe importante é a atenção às tarifas cobradas. Geralmente os preços por minuto variam de acordo com o tipo de contrato. Para quem não consegue se controlar e disca à vontade sem pensar na fatura que virá, os planos que impedem ligações, como os pré-pagos ou pós com controle de gastos a mais, são uma boa opção. 

» Montar o armário de maneira eficiente 

Para ter um estilo de levantar sobrancelhas não é necessário fazer do cartão de crédito — e dos altos juros desse tipo de empréstimo — uma regra. Montar um bom armário com peças que combinam entre si pode ser feito com algumas peças clássicas de marcas mais caras combinadas a modelos básicos e da estação, que podem ser encontrados em lojas com preços mais acessíveis. A consultora de moda Paula Martins explica que o importante é investir em roupas atemporais, que serão usadas estação após estação, e acessórios, que transformam uma produção. “Uma boa calça de alfaiataria, uma camisa branca estruturada e um blazer são essenciais. Na hora de procurar acessórios, escolha bolsas e sapatos de qualidade, que durarão bastante tempo, e opte por garimpar bijuterias e cintos diferentes”, sugere. 

» Ir de carona 

Dividir idas ao trabalho ou no tempo livre com amigos faz uma diferença importante nos gastos do fim do mês. A comodidade de encontrar vagas mais fácil — chegar com um carro com três pessoas em vez de três com uma pessoa só — e não gastar tanto com gasolina são as maiores vantagens. A convivência maior com colegas e a diminuição do estresse por dirigir menos somam-se ao lucro dessa escolha. Ajudar o meio ambiente e a desafogar o trânsito são as recompensas para a cidade graças a escolhas individuais. A maneira mais prática de usar a carona é encontrar quem do seu convívio de trabalho ou escola mora perto. A partir daí, é possível montar uma rotina de divisão de uso de carro e gastos com gasolina. Muitos adeptos das caronas conheceram seus companheiros de carro depois de colocar anúncios no trabalho. Conversar com superiores sobre a possibilidade de montar uma rede de anúncios de caronas disponíveis pode dar bons resultados. 

» Barganhar 

A cultura do brasileiro de adquirir produtos a prazo levou ao início de outra: a de negociar na hora da compra, como explica o consultor financeiro Felipe Chad. Por conta das diferenças de preço entre o pagamento parcelado e o à vista, o consumidor aprendeu a barganhar para conseguir descontos. A atitude pode ser bastante lucrativa, caso feita da maneira mais indicada. Primeiro, as melhores negociações só ocorrem para compras à vista. Por isso, prefira juntar o valor das prestações e adquirir somente quando tiver o montante necessário. Segundo, não tenha medo de pedir benefícios ou descontos. A maioria dos vendedores, principalmente de bens que costumam ser vendidos a prazo, está aberta a acordos. Por fim, pesquise. Muito. As diferenças entre os preços de cada estabelecimento podem ser grandes. Então, saia disposto a dedicar tempo para a escolha de cada item. Negocie numa loja a partir das ofertas da outra. 




Trocar idas frequentes a restaurantes por dias de cozinha gourmet em casa 

Almoços e jantares em restaurantes em excesso podem ser um peso no orçamento. Para quem tem aptidão e gosta de cozinhar, não há razão para evitar a cozinha. Em dias de trabalho, fazer a própria comida, além de econômico, pode ser mais saudável. Para fins de semana, as receitas feitas em casa são sinônimo de diversão e se tornam tão prazerosas quanto as apreciadas saídas. Cozinhar acompanhado da família e de amigos pode compensar a falta que pratos preparados por um chef faz. Dentro dessa rotina, idas a bons restaurantes se tornam momentos especiais e é possível gastar mais em ocasiões específicas, graças à economia. Rogério Muniz Netto, proprietário de um mercado de ingredientes gourmet, lembra que é possível fazer pratos simples e saborosos com preços mais que animadores. Ele sugere receitas para quem não quer passar muito tempo na cozinha e prefere não gastar demais, sem deixar de lado a qualidade e o sabor. Segue um dos pratos que ele julga mais simples e baratos: 



Filé ao Curry-Karê 

Fotos: Valério Ayres/Esp. CB/D.A Press

ngredientes 

» 60ml de óleo de soja 
» Um gengibre fresco de tamanho médio cortado em palitos de 4cm de comprimento 
» Um dente de alho picado 
» Uma cebola média 
» 150g de contrafilé, filé ou peito de frango, em cubos 
» Duas cenouras cortadas em cubos 
» Duas batatas cortadas em cubos 
» Quatro ramos de vagem cortados em rodelas de 0,5cm 
» 750 ml de água quente 
» Três colheres de molho shoyu 
» Uma colher de sopa de curry 
» Uma colher de sopa de farinha de trigo dourada no fogo brando 
» Cebolinha verde a gosto 
» Pimenta a gosto 

Modo de fazer 
» Refogue o alho, os palitos de gengibre e a cebola no óleo de soja sem dourar, somente para caramelizar. Aumente o fogo e acrescente a carne, juntando a cenoura e a batata em seguida. Cubra os ingredientes com água bem quente para não parar a cocção. Deixe ferver em fogo baixo. Adicione o molho shoyu. Quando os legumes estiverem macios, adicione o curry e a farinha de trigo já dissolvidos em água e deixe a fervura aumentar novamente até que a consistência do molho se torne cremosa. Sirva com arroz.