terça-feira, 15 de julho de 2008

Dose

O Bill Gates se aposenta e informa que vai se dedicar à sua Fundação (Bill and Melinda Gates Foundation).

Ouço comentários: “Claro, com a grana que ele tem, e com a sorte que ele teve na vida, até eu faria isso”

 

O trio Ambev (JP Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles) compra a Anheuser-Busch, no que foi a maior aquisição em dinheiro à vista da história.

Ouço comentários: “Claro, esses caras exploram os funcionários pra encher os próprios bolsos. Aí é fácil ganhar dinheiro”.

 

Palavras como “sorte” e “fácil” podem até existir em histórias de pessoas bem-sucedidas. Mas representam um fator praticamente insignificante. Usando as próprias palavras do JP Lemann, “Sorte é sempre resultado de suor”.

 

Meu comentário sobre as pessoas que fazem comentários: Inveja é uma merda...

 

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Personal Wonder Years

Em julho de 1997, verão europeu, a vila portuguesa de Sacavém foi elevada a cidade. Foi o mesmo mês e ano que o mundo perdeu um dos maiores designers do mundo, Gianni Versace. Em 1997, as bolsas do mundo despencaram, devido à crise dos países asiáticos.

Mas, sem dúvidas, o acontecimento do ano de 1997 foi o Festival de Torhout, na Bélgica. Fomos Marcelo, Soo-Min, Fred e eu, 4 pessoas acampados numa barraca onde cabiam duas, rumo a encontrar nossos ídolos. Como tínhamos certeza que seríamos roqueiros famosos dali em breve, queríamos ao mesmo tempo ver nossos ídolos e sentir como seriam nossas vidas depois de famosos.

Foram dois dias inesquecíveis de shows do Radiohead, Placebo, Beck, Live, dEUS, Smashing Pumpkins, David Bowie, Prodigy,Silverchair, dentre outros que não me recordo mais. Quatro pessoas sem saber muito o que viria no futuro (OK, não sabíamos nem o que aconteceria na semana seguinte). O que importa é que estávamos longe de casa, sem nos preocupar com nada.

Foram dois dias onde praticamente não se dormiu. Foram dois dias onde comemos quase somente batata frita e tomamos cerveja quente (era mais barato comprar no mercadinho da cidade do que comprar nos bares do festival).

Na volta pra casa, todos felizes, perdemos a conexão do trem porque dormimos até a estação final. Na Estação Central de Bruxelas, confundiram o nome do Marcelo com o nome do visto chinês em seu passaporte, e seu nome acabou saindo como “Beijing” no visto belga de saída do País.

Depois disso, Marcelo voltou para o Brasil para começar a faculdade. Frederik foi pra Dinamarca estudar, Soo-Min para a Coréia do Sul e eu foi o único a ficar na Alemanha mais 8 meses, até voltar pro Brasil.

Acho que esta é a única foto que temos deste final de semana, que me foi enviada semana passada, praticamente 11 anos depois de tudo.

Preto no Branco (ou quase...)

Tá na hora de esclarecer algo que começou como uma brincadeira e tomou rumos sérios (não, não acredito que toda brincadeira tenha um fundo de verdade).

 

Há um senso comum que dá conta que funcionários públicos não gostam de trabalhar, que aproveitam a impossibilidade da demissão para “coçar o saco”. Este senso comum não é novo e também não é um fenômeno nacional.

 

Não é pra se generalizar, eu sei. Tenho exemplos de funcionários públicos na família que ralaram a vida inteira. Tenho amigos no serviço público que trabalham muito, e o fazem porque sabem que podem mudar este estigma.

 

Também não me incomoda o fato de que essas pessoas ganham bem. Fazendo um exercício puramente egoísta, eu quero mais é que ganhem muito, pois assim terão mais dinheiro para investir, e, de preferência, aqui comigo.

 

Tem muita coisa errada no serviço público. Ninguém vai discordar que os realmente dispostos a dar o sangue são minoria (aquele patinho “diferente” que o Mamona colocou no blog dele na verdade é o trabalhador da repartição convencendo os outros a trabalhar em prol do contribuinte). Frequentemente encontro ex-colegas de trabalho, colégio ou faculdade, e o diálogo é quase sempre assim:

 

Ele(a): E aí, fazendo o que da vida?

 

Eu: Pois é, trabalho com ____________, na empresa ___________.

 

Ele(a): Mas vai ficar nessa ou já pensou num concurso?

 

Eu: Não, vou ficar “nessa” mesmo.

 

Ele(a): Corajoso.

 

Eu: E você, estudando pra qual concurso?

 

Ele(a): Qualquer um que pague mais de 5mil por mês.

 

Isso não me soa muito a idealismo pelo setor público. Na área privada não é muito diferente. O garoto de 13 anos que sonha em ser piloto de avião, se não batalhar muito, chega no máximo a comissário de bordo (tudo bem que isso faz parte de outro papo, sobre perseverança, etc). O que eu digo é que do lado de cá da cerca as coisas não são perfeitas, até porque o ser humano falha muito mais do que acerta. Tenho certeza que entre trabalhar e construir algo ou ficar em casa ganhando dinheiro sem fazer nada, se isso fosse possível, 99,5% das pessoas optariam pelo segundo, e não acho errado (eu, particularmente, ficaria seriamente na dúvida). Agora, do lado de cá, tem algo que não nos deixa parado: O constante medo de parar no olho da rua se virar “gato gordo”; o não-recebimento do bônus se não cumprir as metas (sim, praticamente inatingíveis).

 

Claro que nem toda empresa privada é assim. Mas as melhores são.

 

Seis anos atrás, quando era mais comprometido com as causas liberais, aprendi algumas lições importantes: Não há almoço grátis. Outras coisas que os liberais pregam é a inexistência de sindicatos e a proibição de greves.

No Brasil, dificilmente vamos acabar com os sindicatos ou greves. Mas por que não tentar acabar com essa imagem de que sindicato = privilégio sem trabalho? Por que não acabar com a idéia de que no serviço público existe almoço grátis?

 

Os sindicalistas querem planos de carreiras, mas não querem perder a estabilidade de maneira alguma. Querem aumento de remuneração, mas não querem implementar metas (com remuneração variável, meritocracia na veia).

 

Sou contra olhar pra um só lado da moeda, e confio nos meus amigos que aí estão pra me provar que estou errado ao “relativizar”. Mas que é difícil, é difícil...

 

 

 

 

 

 

After The Jump

Daqui a pouco eu comento sobre a polêmica dos burocratas x iniciativa privada.

Frase do dia (dica do Pompeo)

“(...) para se tornar autoridade em qualquer assunto no Brasil basta declarar essa autoridade.”

 

http://oindividuo.com/2008/07/05/em-que-acabo-defendendo-as-universidades/

 

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Red Wine and Fish

 

Entrou um cara novo aqui no trabalho. Ele trabalhava naquela empresa de bebidas do JPLehman. Aos poucos, ele vai nos contando as histórias do dia-a-dia do antigo emprego.

Ele conta, por exemplo, que na empresa ninguém tem motorista particular. Que as pessoas que possuem carro “corporativo” o usam para atender clientes, e têm metas muito definidas (e quase impossíveis) pra isso.

 

No começo do ano, todos diretores desta empresa se encontram pra traçar o orçamento. A base é sempre zero. Ou seja, todos os custos são considerados “emergenciais”.

Que não tem mordomia, que tudo é feito pensando na geração de valor pra empresa e pros acionistas (conseqüentemente, para os funcionários, pois estes recebem ações quando batem as metas). Quem não bate as metas por três períodos seguidos, vai pra rua. Sem choro nem vela.

 

Ao mesmo tempo, ouço de uma pessoa recém-contratada no serviço público que o chefe tem motorista, carro particular e duas secretárias. Que chega pra trabalhar na hora que quer, vai embora na hora que quer. Meta? Que meta? Faça chuva ou faça sol, terá o Jarbas e o celular corporativo (sem limites de ligações) à vontade. Triste...

 

Leio na Exame que o Jorge Gerdau está focado em fazer com que as repartições públicas nos mais diversos estados se profissionalizem. Parece uma luz no fim do túnel.

 

Ainda concordo com o Roberto Campos:  A melhor saída pro Brasil é o aeroporto internacional.