segunda-feira, 7 de julho de 2008

Preto no Branco (ou quase...)

Tá na hora de esclarecer algo que começou como uma brincadeira e tomou rumos sérios (não, não acredito que toda brincadeira tenha um fundo de verdade).

 

Há um senso comum que dá conta que funcionários públicos não gostam de trabalhar, que aproveitam a impossibilidade da demissão para “coçar o saco”. Este senso comum não é novo e também não é um fenômeno nacional.

 

Não é pra se generalizar, eu sei. Tenho exemplos de funcionários públicos na família que ralaram a vida inteira. Tenho amigos no serviço público que trabalham muito, e o fazem porque sabem que podem mudar este estigma.

 

Também não me incomoda o fato de que essas pessoas ganham bem. Fazendo um exercício puramente egoísta, eu quero mais é que ganhem muito, pois assim terão mais dinheiro para investir, e, de preferência, aqui comigo.

 

Tem muita coisa errada no serviço público. Ninguém vai discordar que os realmente dispostos a dar o sangue são minoria (aquele patinho “diferente” que o Mamona colocou no blog dele na verdade é o trabalhador da repartição convencendo os outros a trabalhar em prol do contribuinte). Frequentemente encontro ex-colegas de trabalho, colégio ou faculdade, e o diálogo é quase sempre assim:

 

Ele(a): E aí, fazendo o que da vida?

 

Eu: Pois é, trabalho com ____________, na empresa ___________.

 

Ele(a): Mas vai ficar nessa ou já pensou num concurso?

 

Eu: Não, vou ficar “nessa” mesmo.

 

Ele(a): Corajoso.

 

Eu: E você, estudando pra qual concurso?

 

Ele(a): Qualquer um que pague mais de 5mil por mês.

 

Isso não me soa muito a idealismo pelo setor público. Na área privada não é muito diferente. O garoto de 13 anos que sonha em ser piloto de avião, se não batalhar muito, chega no máximo a comissário de bordo (tudo bem que isso faz parte de outro papo, sobre perseverança, etc). O que eu digo é que do lado de cá da cerca as coisas não são perfeitas, até porque o ser humano falha muito mais do que acerta. Tenho certeza que entre trabalhar e construir algo ou ficar em casa ganhando dinheiro sem fazer nada, se isso fosse possível, 99,5% das pessoas optariam pelo segundo, e não acho errado (eu, particularmente, ficaria seriamente na dúvida). Agora, do lado de cá, tem algo que não nos deixa parado: O constante medo de parar no olho da rua se virar “gato gordo”; o não-recebimento do bônus se não cumprir as metas (sim, praticamente inatingíveis).

 

Claro que nem toda empresa privada é assim. Mas as melhores são.

 

Seis anos atrás, quando era mais comprometido com as causas liberais, aprendi algumas lições importantes: Não há almoço grátis. Outras coisas que os liberais pregam é a inexistência de sindicatos e a proibição de greves.

No Brasil, dificilmente vamos acabar com os sindicatos ou greves. Mas por que não tentar acabar com essa imagem de que sindicato = privilégio sem trabalho? Por que não acabar com a idéia de que no serviço público existe almoço grátis?

 

Os sindicalistas querem planos de carreiras, mas não querem perder a estabilidade de maneira alguma. Querem aumento de remuneração, mas não querem implementar metas (com remuneração variável, meritocracia na veia).

 

Sou contra olhar pra um só lado da moeda, e confio nos meus amigos que aí estão pra me provar que estou errado ao “relativizar”. Mas que é difícil, é difícil...

 

 

 

 

 

 

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